segunda-feira, 4 de julho de 2011

Clarice.



Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
 Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito.
O bom é ser inteligente e não entender.
 É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida.
É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice.
Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

Um comentário:

  1. Bom dia,Mari!!

    Adoro este trecho da Clarice!!
    Excelente escolha!
    Beijos pra ti!

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